terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Mitos e crendices sexuais






“Toda pessoa desempenha ‘papéis sociais” na sociedade. Isso se compreende como: o modo de como o grupo que a pessoa está inserida determina o comportamento frente a diversas situações. Pertencemos a vários grupos ao mesmo tempo: familiar, escolar, religioso, político, profissional, etc. e, em cada um deles, desempenhamos determinado “papel”.
O conjunto desses papéis é o que se convencionou chamar de “papel social”.
É como se a vida em sociedade fosse uma grande peça teatral na qual cada um desempenhasse vários papéis previamente determinados pelo grupo. Quando a pessoa representa, pode ser motivo de recompensas ou punições, na medida em que se põe de acordo ou contra as normas estabelecidas pelo grupo. É por essa maneira e por rigoroso controle, que ocorre o processo de socialização e se adquire o modo de pensar, sentir e agir de seu grupo. É um processo de aprendizagem social que ocorre durante toda vida e não é de forma estática. Há uma redefinição nos padrões de comportamento a serem desempenhados no contexto social à medida que a pessoa fica adulta e amadurece.
As instituições mais importantes e que deixam marcas profundas de seus ensinamentos são a família e a religião.
A família é o primeiro agente da função socializadora, é por ela que se inicia a transmissão da herança cultural e são fixadas expectativas sociais de conduta. A postura dos pais frente às diversas situações molda, de forma inconsciente, a maneira de a criança lidar com o que a sociedade espera deles, os princípios de autoridade, de liberdade e dos direitos de cada um. O modelo que os pais transmitem para uma criança, como: pais apáticos ou excessivamente dominadores, submissos ou tirânicos, obedientes ou revoltados contra as normas, ou ainda as formas de expressão de afetos entre os pais, respeito, ternura, aceitação e maneira de lidar com as crises modelam a atitude global dos filhos, com reflexo em sua vida sexual: “Mediante a ternura e consideração que o homem mostra em relação à esposa, o pai ensina ao filho a importância do amor no papel do cônjuge e, pelo exemplo, diz à filha que ser mulher é algo desejável. A menina aceitara melhor o papel feminino quando vir que sua mãe é querida e respeitada pelo pai”. 
A igreja, por meio do sistema de crenças, orienta o comportamento e a vida das pessoas de acordo com as linhas de preceitos morais. A escola, grupos de parceria, meios de comunicação, meio profissional, etc. desempenham papéis socializantes e procuram modelar o individuo em suas normas. Podem reforçar ou contender a ação da família e da religião, criando-se novas condutas ou reformulando papéis antes definidos.
Toda sociedade é geradora de situações estressantes e toda a posição conflituosa é impregnada de emoções que levam a reações construtivas ou negativas, dependo de como o individuo encara tais situações.
A influencia da religião, da família e das demais instituições deixa marcas significativas na estrutura psicológicas das pessoas. E alguns podem estar pensando, ao ler esse texto: O que tem isso a ver com a sexualidade?
Alguns foram educados no sentido de ignorar o sexo, excluindo do seu pensamento, rodeando-os de crendices e tabus, prendendo-o a sentimentos de culpa. Outros foram criados em clima de total desinformação, desconhecendo o corpo e suas potencialidades eróticas. Não é fácil se libertar desse condicionamento para vivenciar, com alegria e desejo, o prazer do sexo até há pouco tempo proibido.
E são criados mitos e crendices sexuais, impedindo as pessoas de vivenciarem sua vida sexual com prazer. Descreveremos a seguir alguns dos mitos mais comuns:
- Mulher sexy tem seios grandes; - Quanto maior o clitóris maior o desejo sexual; - Homens com pênis grandes são mais capazes de dar prazer sexual para suas parceiras; - Pênis pequeno não proporciona prazer; - Tamanho de pé e nariz tem a ver com tamanho de pênis; - Mulher grávida não tem desejo sexual; - A esterilização do homem e da mulher diminui o desejo sexual; - As pessoas tem uma reserva sexual que esgota com o tempo; - A vida sexual não existe na velhice; - A mulher não possui as mesmas necessidades sexuais que os homens; - Um homem não se satisfaz com uma só parceira; - Sexo só é bom quando tem orgasmo; - Masturbação leva a loucura; - Masturbação dá pêlos na mãos; - Só homem que se masturba; - Não pode ter relações sexuais durante a menstruação; - Ejacular e gozar é a mesma coisa; - Relação sexual é somente para ter filhos; - Evitar a gravidez é responsabilidade apenas da mulher; - O homem deve estar sempre a fim de sexo; - Quando a mulher faz a cirurgia para retirar o útero, deixa de ter orgasmo; - Masturbação provoca espinhas; - Sexo é sujo; - As DST são pegas em banheiros públicos; - Duas camisinhas, usadas ao mesmo tempo,  protegem mais do que uma; - Transar em pé não engravida; - Se o homem não ejacula com freqüência o esperma pode subir prá cabeça; - Transar com camisinha é como chupar bala com papel; - O hímem é a prova da virgindade; - Ejacular dormindo são sintomas de disfunção sexual; - O homem nuca deve falhar; - O álcool é um estimulante sexual; - A menopausa assinala o fim da vida sexual da mulher; etc.
São crenças populares absolutamente sem fundamento. Algumas até ridículas, mas que se sustentam  e se transmitem pela força do”todo mundo sabe” ou “todo mundo acredita”. Alimentadas pela irracionalidade, terminam por se transformar em certezas. Ninguém explica cientificamente por que “faz Mal”. Mas, pensem bem ao se deparar com tais mitos. Não permitam que tais “estórias” impeçam de viver uma vida sexual com satisfação. Qualquer dúvidas perguntem para um profissional especializado.

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